Segunda-feira, seis de Setembro de 2010. Seis da manha. Seis da manhã e já lá estávamos de malas ao ombro prestes a carregar as carrinhas para se prosseguir com a missa e para finalmente arrancar a caminho de Fátima. Mas não de carro, ou bicicleta ou noutro qualquer tipo de transporte terrestre, mas sim a pé. Com o esforço das nossas pernas e da nossa fé!

E lá fomos. Acabada a missa e depois de nos distribuírem os crachás que nos identificavam, para que todos se ficassem a conhecer, seguimos a caminho de Vialonga, a nossa paragem para almoço! Claro que até lá ainda nada doía, aliás todo o primeiro dia se fez com calma e serenidade, todos em filinha indiana, andando no lado de dentro da faixa da berma.
Chegamos a Alhandra. Primeiro dia feito. Primeira vitória conseguida, mas ainda muito faltava para o nosso objectivo final. Mas não se pensa assim. Cada dia é vivido de cada vez, em plenitude, a pensar que o amanhã está cada vez mais perto, e que o ontem fica na nossa memória e na máquina fotográfica.
Segundo dia. Lá vamos nós rumo ao Cartaxo, mas já nos avisaram que é dia das rectas da Azambuja, essas malditas que nos levam à loucura e ao pensamento de desistir. Mas não! Nós não desistimos. Nunca! Porque sabemos qual é o prémio final, e porque fazemos isto por Maria, para podermos estar com ela. E por muito que o dia já fosse longo, e o fim parecesse que nunca mais chegava, desistir é palavra que não pode invadir as nossas mentes. E com as bolhas dos pés que nasceram durante a caminhada e a dor nas pernas lá chegamos ao pavilhão desportivo do Cartaxo, onde podemos tomar o bendito banho, jantar, fazer os curativos nos pés mal tratados pelo alcatrão quente, e dormir para levantar de madrugada, para mais um dia!

E chegamos ao terceiro dia. Acordar com o Alvorada, que todos os dias nos brindavam, dobrar sacos-cama, vestir, esperar pelo pequeno-almoço e lá vamos nós fazer-nos à estrada mais uma vez! É um dia mais calmo. Já fizemos mais de metade dos quilómetros que dividem Odivelas de Fátima, as bolhas nos pés já não nos fazem diferença, e a dor nas pernas… essa caminha connosco ao longo do dia, mas ignoramo-la porque sem sacrifício não vale a pena!

Ao fim do dia chegamos a Pernes, onde, depois do banho tomado e do jantar bem acolhido pelo estômago, fomos brindados por uma oração a Maria, onde o tema era a Família. Quem tinha familiares consigo, naquela noite, levavam em conjunto as flores, para demonstrarem o amor familiar. Nós como Juventude Palotina, e como não tínhamos parentes connosco, entregamos em conjunto, aos pés de Nossa Senhora, as nossas flores. Porque nós somos uma família, não de sangue, mas de coração.
Mais um dia chegou e caminhamos em direcção a Minde, o local da nossa dormida para esse dia! E esse dia teve direito a banho no meio de uma das tantas terrinhas por onde passamos! Caloiros primeiro, ajoelhados no passeio para levar com baldes e baldes de água pela cabeça abaixo! E depois do baptismo à que contra-atacar os mais velhos e lá fomos nós caloiros molhar os mais velhos e o vice-versa.
Molhadinhos dos pés à cabeça, nada melhor do que secar enquanto se caminha, rezando o terço a Maria e esperando pelo belo do jantar em Minde.

Todos juntos, de mãos dadas, com as t-shirts verdes, com a faixa roxa à frente, entramos no santuário, primeiro muito audíveis com o grito do hino do peregrino e depois muito silenciosos, a admirar o momento e cada vez mais perto da capelinha onde Maria se encontrava, para lhe podermos agradecer cada passo daqueles mais de cem quilómetros. Pelos sorrisos, pelas dores, pelas bolhas, pelos abraços e palavras de ânimo trocadas!
Outro dia. É Sexta-feira. Por um lado foi tão bom saber que era sexta-feira, porque significava que faltavam meras horas para chegar ao nosso destino, mas por outro lado significava que todo aquele convívio estava a acabar! Mas é sempre assim, o que é bom acaba sempre depressa e por isso, depois do almoço partilha com as famílias, caminhamos mais um pouco e chegamos a Fátima! Sim! Finalmente chegamos lá!

Todos juntos de mãos dadas, com as t-shirts verdes, com a faixa roxa à frente, entramos no santuário, primeiro muito audíveis com o grito do hino do peregrino e depois muito silenciosos, a admirar o momento e cada vez mais perto da capelinha onde Maria se encontrava, para lhe podermos agradecer cada passo daqueles mais de cem quilómetros. Pelos sorrisos, pelas dores, pelas bolhas, pelos abraços e palavras de ânimo trocadas!

Foi uma semana sem palavras. Foi o meu primeiro ano mas mesmo que ao inicio dissesse que nunca mais ia, porque os primeiros dias foram complicados, acho que voltava a fazer tudo outra vez. Porque é uma experiência fantástica e quando se está com os amigos e quando se tem fé, tem-se tudo e consegue-se tudo!

Cátia Pereira
Para veres a mega galeria de fotos sobre a peregrinação carrega aqui.